“Dieta anti-inflamatória” existe mesmo? O que a ciência diz de verdade
- lucas terzian
- 3 de jul.
- 2 min de leitura

Você provavelmente já ouviu falar em “dieta anti-inflamatória” como uma solução para tudo: dor, inchaço, cansaço, retenção, ganho de peso. Mas… até que ponto esse conceito é real? Existe mesmo uma dieta que desinflama o corpo? A resposta curta é: não do jeito que o marketing vende. Mas a verdade, como sempre na ciência, é mais complexa.
Não existe uma “dieta anti-inflamatória” oficial
O termo “anti-inflamatória” não define um protocolo alimentar único, validado ou padronizado. Ele não é reconhecido como uma abordagem oficial por instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Academy of Nutrition and Dietetics (AND), American Heart Association ou European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN).
Ou seja: não existe uma lista mágica de alimentos que desinflamam o corpo automaticamente. Não basta cortar glúten, leite ou comer cúrcuma para "se curar". Esse tipo de promessa é marketing, não medicina baseada em evidência.
O que existe, sim: padrões alimentares que influenciam marcadores inflamatórios
Embora o termo seja impreciso, diversos estudos clínicos mostram que certos padrões alimentares têm impacto positivo sobre a inflamação crônica de baixo grau, especialmente em pessoas com obesidade, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e outras condições crônicas.
Exemplos com evidência clínica:
Dieta Mediterrânea: reduz marcadores como PCR-us, IL-6 e TNF-α. Há ensaios clínicos (como o PREDIMED) com evidência robusta nesse sentido.
DASH: melhora pressão arterial e também influencia positivamente a inflamação em alguns estudos.
Dieta baseada em plantas (plant-based): estudos mostram redução de inflamação e melhora no perfil lipídico, desde que bem planejada.
Low-carb/cetogênica: em pacientes com resistência à insulina, obesidade ou lipedema, há estudos mostrando redução de citocinas inflamatórias.
Esses efeitos, no entanto, são secundários à melhora do controle glicêmico, redução de gordura visceral e melhora da saúde metabólica.
O que não é ciência:
Dietas genéricas chamadas de “anti-inflamatórias” sem ajuste individual
Protocolos que cortam grupos alimentares inteiros sem critério
Suplementos vendidos como “anti-inflamatórios naturais” sem respaldo clínico
“Desintoxicações” ou cardápios da internet que prometem “desinflamar o intestino em 3 dias”
O papel do nutricionista: traduzir ciência em estratégia
Na prática clínica, o que funciona é personalizar a dieta para melhorar a composição corporal, modular a glicemia e reduzir o estresse oxidativo. Isso sim tem efeito real sobre marcadores inflamatórios — e pode impactar dores articulares, fadiga, doenças crônicas, sintomas intestinais e até quadros como lipedema ou SOP.
Portanto, o foco deve estar em:
Alimentos minimamente processados
Fontes naturais de antioxidantes (frutas, verduras, especiarias)
Fibras e gorduras de qualidade
Controle de carboidratos refinados e ultraprocessados
Estratégia calórica bem calculada
Conclusão: menos modismo, mais ciência
Não existe uma “dieta anti-inflamatória” milagrosa. Mas existem escolhas alimentares que, dentro de um plano individualizado, reduzem inflamação sistêmica, melhoram sintomas e ajudam na prevenção de doenças. E isso é muito mais poderoso do que qualquer solução simplista.
Se você busca esse tipo de abordagem — baseada em evidência e ajustada para sua realidade —, agende sua consulta e venha construir um plano alimentar que faz sentido, funciona de verdade e respeita a ciência.



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